A endometriose é uma doença crônica e progressiva que afeta milhões de mulheres em todo mundo.Ela é responsável por mais de 50% das causas de infertilidade, a maior responsável por dismenorreia incapacitante(dor para menstruar), por grande parte das dores pélvicas crônica e maior responsável por dispareunia de fundo(dor na relação sensual). Além de todos estes sintomas diretos, é comum ser a maior causa de absentismo ao trabalho e a escola, de transtornos de ansiedade e depressão, de problemas no relacionamento conjugal e separação.

A moléstia pode ser classificada conforme sua gravidade e localização, em 04 estágios. Não guarda correlação entre quanto maior o estágio maior a sintomatologia. Pode ocorrer que pacientes em investigação para infertilidade e sem qualquer sintoma descubra a doença já em estadiamento avançado e sua única queixa seja à infertilidade. O mais importante neste aspecto é tentar fazer o diagnóstico precoce o mais cedo possível. Estima-se que o diagnóstico no Brasil demore em torno de 08 anos até ser feito. Vejo um grande problema nisto, visto que a doença é crônica e progressiva.

A cirurgia para a endometriose é somente uma das formas de tratamento, não necessariamente toda paciente com este diagnóstico fará cirurgia. Não há receita de bolo pronta. O especialista no tratamento avaliará idade da paciente, grau de paridade, sintomas atuais, tratamento atual e já realizados, desejo em engravidar, tentativas já realizadas para tal e grau desta tentativa, falha nos tratamentos (medicamentoso ou cirúrgico) etc...

Uma das indicações para o tratamento cirúrgico é devolver a qualidade de vida às pacientes, aliviando suas dores para menstruar, mesmo fora do período menstrual, dores na relação sexual e como tentativa na melhora da fertilidade. Conforme o grau de acometimento dos órgãos e estruturas é que se define a complexidade da cirurgia. São feitas cirurgias tanto para cauterização de focos peritoneais quando o estadiamento é mínimo e leve, tanto para ressecar estruturas comprometidas como peritônio, ligamentos e até parte de órgãos quando a doença já se encontra em estágios mais avançados.

Em casos de cirurgia quando a indicação é infertilidade,visamos a remoção de todo tecido endometriótico (inflamado), restabelecer o mais próximo do possivel a anatomia pélvica e menor agreção possivel aos ovários.Estima-se que após tratamento cirurgico para infertilidade podemos aumentar as chances da paciente engravidar espontaneamente em torno de 50%.

A doença quando em estágios mais avançados requer equipe especializada na área, preferencialmente multidiciplinar. Não é incomum as equipes contarem com o ginecologista , colo-proctomlogista e às vezes urologista.Exige da equipe um grande conhecimento da anatomia pélvica em geral, como estruturas nervosas e vasos.

Vai uma grande dica: para que possamos diminuir os casos cirurgicos complexos precisamos que médicos e pacientes se atentem mais aos sintomas, para que possamos fazer diagnósticos mais cedo e cirurgias menos radicais.

 

Dr Luciano Furtado

Endopelvic.com

8 de março de 2021